Nosso amigo Barcellos nos brinda hoje com um belo conto, que com a devida autorização aqui transcrevo, este lhe valeu uma bela premiação, apareçam lá no Blog Sete Ramos de Oliveira e se deliciem com o amigo!
- O Lacerdão merece o apelido! Parece um lagarto gordo caçando mariposas... - exclamou Basílio.
- Não entendi a ligação - retrucou a Lourinha.
"Outra que merece o apelido... Lourinha..." - pensou Basílio. Mas explicou com paciência:
- "Lacerda" é o nome científico de lagartos, calangos, lagartixas... e o Lacerdão lembra esses bichos, quando troca de roupa depois do expediente e parte para a azaração na Cinelândia, na Lapa ou no baixo Leblon. Você pode até adivinhar em qual desse três lugares ele vai... pelo blazer que ele veste. Tem até um double-face pra mudar de visual conforme a ocasião.
E o Lacerdão era mesmo um boêmio da pesada. Batido o ponto, ao final do dia, tomava um banho no único chuveiro do banheiro dos funcionários, vestia-se a caráter e ia jantar e prosear com os amigos no boteco do Jabour, remanchando até que o dono baixasse ruidosamente uma das duas portas corrugadas, indicando que era hora de fechar. E lá se ia o nosso herói, em busca das mariposas que abundavam em seus campos de caça.
Tinha saliva, o moço. Conseguia descontos nas tarifas do sexo fácil, e conhecia os porteiros dos hoteizinhos de alta rotatividade onde abatia as "vítimas" capturadas. E no dia seguinte era o primeiro freguês do Jabour, onde a média e o pão com manteiga do desjejum forravam-lhe o estômago, antes da inevitável narrativa de suas conquistas amorosas da noite. Ô língua comprida!
Mas uma certa manhã, o Lacerdão voltou da noite mais cedo. Esperou por meia hora até que o Jabour abrisse o "estabelecimento". Macambúzio, mordiscou seu pão com manteiga, bebericou sua média e permaneceu num silêncio soturno e desalentado, até que o Jabour, preocupado, o interpelou:
- Cumequié, mano véio... e a noite, como foi?
- Ah, Jabá... que vergonha! Eu achava que soubesse de tudo sobre mulheres... até que conheci a Deca! Linda, jovem, papo cabeça... tava tudo indo bem, até chegar a hora H, no quarto... E foi só então que eu fiquei sabendo!
- Sabendo o que, homem?
- Ela não era mariposa coisa nenhuma... era um tremendo bicho-pau!
E concluiu, desgostoso:
- É... essa foi de engasgar...
O detalhe é que ele fez isto baseado em uma curta poesia de alguns versos...
ResponderExcluirAbraços!
Sandra e seus contos ... onde arruma tudo isso??? rsssss
ResponderExcluirBeijokas e tenha uma semana iluminadaaaaa
Sandra, sinto-me honrado com o acolhimento que você proporciona, na sua Janela, ao meu mini-conto. E neste espaço onde sempre abro meu sorriso, agora também abro minha gratidão.
ResponderExcluirBeijos.